ATA DA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 28.03.1995.

 


Aos vinte e oito dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezesseis horas e vinte e dois minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o nonagésimo quinto aniversário do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de acordo com o Requerimento nº 62/95 (Processo nº 545/95), de autoria do Vereador Jocelin Azambuja e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa, o Vereador Airto Ferronato, Presidente da Casa, a Senhora Leda Gloeden, Diretora do Colégio Júlio de Castilhos, a Senhora Tânia Heinrich, Diretora da Divisão Escolar da Secretaria de Educação do Estado e representante da titular daquele órgão nesta solenidade, o Senhor Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional pelo Coral da Terceira Idade do Colégio Júlio de Castilhos acompanhado pelo Conjunto Musical Julinho. Em continuidade, o Senhor Presidente manifestou-se sobre a presente homenagem e concedeu a palavra aos Senhores Vereadores. O Vereador Jocelin Azambuja, como proponente e em nome das Bancadas do PTB, PDT, PMDB e PP, historiou sobre o Colégio Júlio de Castilhos, situando sua importância para nossa Cidade e nosso Estado e congratulando-se com a sua comunidade pelo transcurso da data ora homenageada. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, discorreu sobre as lembranças que o Colégio Júlio de Castilhos lhe traz, rememorando episódios de sua história e congratulando-se com a comunidade "juliana" pelo aniversário. A Vereadora Maria do Rosário, em nome da Bancada do PC do B, discorreu sobre a importância do Colégio Júlio de Castilhos para nosso Estado, ressaltando a relevância de escolas como essa na construção de uma cidadania autônoma e consciente. O Vereador João Motta, em nome das Bancadas do PT, PPS e PSDB, lembrando o escritor Ítalo Calvino, discorreu sobre a importância do Colégio Júlio de Castilhos na formação da sociedade gaúcha, congratulando-se com os representantes da comunidade daquele Colégio. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, falou sobre a importância do Colégio Júlio de Castilhos na formação política de várias personalidades do cenário institucional de nosso Estado, congratulando-se com os representantes da comunidade daquele Colégio pelo transcurso dos noventa e cinco anos do "Julinho". A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Leda Gloeden, que em nome do Colégio Estadual Júlio de Castilhos agradeceu à presente homenagem e teceu considerações sobre a situação da educação em nosso Estado. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Tânia Heinrich, que em nome da Senhora Secretária de Educação do Estado, parabenizou a Senhora Leda Gloeden pelo aniversário do Colégio Júlio de Castilhos, destacando sua importância para a educação no Estado. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para assistirem as apresentações do Coral da Terceira Idade do Colégio Júlio de Castilhos, acompanhado do Grupo Musical Julinho. Durante os trabalhos, o Senhor Presidente registrou as seguintes presenças como extensão da Mesa: Senhor Deoclécio Dalmazo, Vice-Diretor da Escola Estadual Edgar Schneider, Senhora Margareth Dapper, representante da Federação de Círculos de Pais e Mestres do Estado, Senhora Ione Almeida, Orientadora Educacional e representante da AOERGS, João Baptista Broll, representante do Diretor Geral do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens, Senhora Neusa Denardi, representante da Associação de Supervisores de Educação do Estado, Senhor Décio Caneppéli, Presidente do Conselho dos Professores do Colégio Júlio de Castilhos, Senhor Cícero Balestro, Presidente do Conselho Escolar do Colégio Júlio de Castilhos, Senhor Sílvio Arce, representante do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos. Também, o Senhor Presidente informou o recebimento de correspondências do Senhores Luiz Pilla Vares, Airton Santos Vargas e Roberto Seide. Às dezessete horas e cinqüenta e oito minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Airto Ferronato e Mário Fraga e secretariados pelos Vereadores Jocelin Azambuja e João Dib, como Secretários "ad hoc". Do que eu, Jocelin Azambuja, Secretário "ad hoc", determinei fossse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear o Colégio Estadual Júlio de Castilhos pela passagem do seu 95º aniversário, de acordo com o Requerimento nº 62/95, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja.

Convidamos para fazer parte da Mesa: a Exma. Sra. Leda Oliveira Gloeden, Diretora do Colégio Estadual Júlio de Castilhos; a Exma. Sra. Tânia Heinrich, representante da Secretária Estadual de Educação e Diretora da Divisão Escolar da Secretaria de Educação; e o Exmo. Sr. Firmino Sá Brito Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa.

Convidamos a todos para que, em pé, ouçamos o Hino Nacional, que será apresentado pelo Coral da Terceira Idade do Colégio Júlio de Castilhos e pelo Grupo Musical Julinho.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Como extensão da Mesa, citamos as presenças do Sr. Deoclécio Dalmazo, Vice-Diretor da Escola Estadual Prof. Edgar Schneider; da Sra. Margareth Dapper, representante da Federação de Círculos de Pais e Mestres do RS; da Sra. Ione Almeida, Orientadora Educacional e representante da AOERGS; do Sr. João Baptista Broll, representante do Diretor-Geral do DAER, Sr. José Carlos Paiva; da Sra. Neusa Quiroga Denardi, representante da Associação de Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul.

Recebemos o comunicado do Sr. Secretário Municipal de Cultura, Sr. Pilla Vares, dizendo da sua impossibilidade de estar presente, eis que, neste momento, está ocorrendo uma reunião na Secretaria e envia parabéns ao Colégio Júlio de Castilhos.

Registro nossa satisfação pessoal de poder presidir este ato nesta Sessão que homenageia os 95 anos do Colégio Júlio de Castilhos. Gostaríamos de destacar, dentre outras coisas, que o Colégio Estadual Júlio de Castilhos é modelo para nós e sempre teve, e tem, um papel destacado na história da Cidade, com uma marcante atuação política estudantil que sempre caracterizou a nossa escola. Brevemente, gostaria de registrar alguns dos nossos ilustres homens que passaram pelo Júlio de Castilhos. Dentre outros, o nosso Governador do Estado, Sr. Antônio Britto; o Sr. Secretário da Saúde do Estado, Dr. Germano Bonow; Sr. Pratini de Moraes, ex-Ministro; nossos colegas Vereadores Antonio Hohlfeldt, Isaac Ainhorn e João Dib; Dr. Alcides Saldanha; nosso Deputado Estadual Sr. Jarbas Lima; Valmor Chagas; Moacyr Scliar; Paixão Côrtes; Sr. Joaquim Felizardo; Sérgio Jockmann; Ruy Carlos Ostermann; Lasier Martins, entre tantos outros nomes.

Parabéns ao Colégio Júlio de Castilhos e à sua Direção, seus professores, seus alunos e à Cidade de Porto Alegre.

Passamos a palavra ao autor desta homenagem, Ver. Jocelin Azambuja, que falará em nome das Bancadas do PTB, do PDT, do PMDB e do PP.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores pais, funcionários e alunos do Colégio Júlio de Castilhos. (Saúda os componentes da Mesa.) Estamos vivendo um momento ímpar na vida educacional do Estado e mais do que nunca achamos fundamental esta homenagem ao Colégio Júlio de Castilhos que é, na verdade, um ato de reflexão sobre a educação do Estado do Rio Grande do Sul, uma vez que essa escola tem servido de modelo de discussão e de relações de educação.

Analisando alguns aspectos da história do Colégio, tirei algumas curiosidades. Por exemplo, o nome inicial do Colégio Júlio de Castilhos era Instituto Ginasial Rio Grande do Sul. Em 1905, numa homenagem a Júlio Prates de Castilhos, a escola recebeu o nome de Instituto Ginasial Júlio de Castilhos, que funcionava no pavimento térreo do edifício-sede da Escola de Engenharia, então chamada Escola Benjamin Constant. Mais tarde, devido ao número crescente de alunos, ganhou um prédio próprio, uma obra arquitetônica, um verdadeiro palácio, como registravam na época. Em 24 de março de 1923, por um regulamento expedido pela Escola de Engenharia, passou a denominar-se Instituto Júlio de Castilhos. Em 1930, desliga-se da Escola de Engenharia, estabelecimento que deu origem à sua fundação. Após os períodos de modificação, inclusive sob extinção temporária, recebeu o nome de Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em 11 de agosto de 1942, através do Decreto Estadual nº 588, assinado, então, pelo Interventor Federal Cel. Oswaldo Cordeiro de Farias, referendado pelo Secretário de Educação Dr. José Pereira Coelho de Souza. O instrumento legal previa a incorporação do Colégio Universitário ao Ginásio Júlio de Castilhos, e nesse estabelecimento seria ministrado o ensino das disciplinas do curso ginasial e dos cursos clássico e científico. O regimento atual do Colégio foi aprovado em 11 de março de 1981. Em 16 de novembro, um incêndio, que até hoje é considerado de causas misteriosas, destruiu o prédio do "Julinho" que, durante quarenta anos, abrigou a mocidade estudantil do Rio Grande do Sul.

Esses são alguns dados sobre o aspecto histórico da vida do Júlio de Castilhos, mas, na verdade, qualquer um de nós, neste Estado, tem alguma ligação com a vida do Júlio de Castilhos. Eu, particularmente, tive, porque fui aluno do Inácio Montanha, que era o paraíso dos meninos do Júlio de Castilhos: os rapazes do Júlio de Castilhos namoravam as gurias do Inácio Montanha; então, às vezes, ocorriam brigas dos namoros dos guris do "Julinho", no Inácio Montanha. Naquela época, no Inácio Montanha não havia cercas, como há hoje, havendo um contato mais direto. Na época, eram só os rapazes que freqüentavam o "Julinho"; não havia moças, sendo que o Inácio Montanha era a escola mais visitada pelos rapazes do "Julinho".

No período da década de 60, o "Julinho" e Inácio Montanha eram os precursores dos movimentos de enfrentamento que existiam. Nós fazíamos as passeatas, saindo do Inácio Montanha, subindo a João Pessoa. Em 1965, 1966 e 1967, o pessoal do Protásio vinha, juntava-se a nós na esquina da João Pessoa com a Ipiranga, e aí depois nos juntávamos com o pessoal do "Julinho" e vínhamos até o Palácio, que tinha que ser a caminhada tradicional. Às vezes ocorriam brigas, confusões, mas era assim que andava o movimento estudantil naquela época, até porque era um momento de excepcionalidade na vida do País. Essa era a relação que existia. Havia um lado muito bonito e positivo, que era a troca de experiência e de relações positivas do Grêmio Estudantil do "Julinho" com o do Inácio Montanha e do Protásio. Realizavam-se competições estudantis em conjunto, os jogos de voleibol no final de tarde. Seguidamente, realizavam-se jogos no Inácio, no "Julinho", no Protásio. Havia uma relação estreita da vida estudantil. Os estudantes tinham um prazer em comum, de não sair da escola, de estar praticando esportes, de estar vivenciando a sua escola. Nós tínhamos, também, uma outra coisa que era muito positiva - a famosa Banda do Júlio de Castilhos -, e nós tínhamos uma bandinha no Inácio Montanha. E nós ousávamos competir com a banda do "Julinho", que era uma potência. Era uma relação muito bonita, muito positiva, que ficou marcada na vida dos estudantes daquela época. Nós vivíamos, realmente, uma relação de muita fraternidade, de muita união e de muita vontade de vencer e crescer. Como o Presidente relatava, as pessoas ilustres que passaram pela história do Júlio de Castilhos mostram tudo aquilo que o "Julinho" tem dado, ao longo dos anos, para a sociedade.

Lamentavelmente, a estrutura educacional neste Estado foi-se deteriorando de tal forma, que hoje ser Diretora, lá, é um ato de heroísmo; é um ato incomum, até, querer ser Diretora da escola, como em qualquer escola, tal foi a relação que se fez dentro deste Estado, de destruição da educação, que se chegou a um ponto que nós vemos, com tristeza, o professor tentando sobreviver, tentando ser professor, os alunos também meio conflitados dentro de si, um pouco perdidos com toda esta desestrutura da educação. Os funcionários, nem se fala, até pelos poucos funcionários que existem nas escolas. O serviço de apoio às direções de escola são muito difíceis. A vida estudantil, hoje, é muito complicada. Não é fácil vivenciar este momento. Nós vemos os próprios professores meio perdidos nesta relação professor/aluno e as direções de escolas tentando reabilitar um pouco esta relação. Eu acho muito importante e, justamente neste momento, nós temos uma nova relação na educação do Estado do Rio Grande do Sul. A Profa. Iara Wortmann, uma companheira antiga de lutas na educação, assume o comando da educação no Estado do Rio Grande do Sul, até numa relação muito positiva de forças políticas dando-lhe apoio para que ela avance neste processo da educação, hoje aqui representada pela Profa. Tânia, que também já milita há bastante tempo no campo da educação. Mais do que nunca, esta conjugação de esforços é fundamental, de todas as correntes.

É necessário que nós possamos unir esforços para que a Direção da escola possa fazer um trabalho de encaminhamento, a Diretora, junto com os seus Vice-Diretores, com toda a estrutura administrativa e pedagógica da escola, fazer um trabalho de restaurar esse processo. Isso é fundamental que aconteça, porque não podemos mais continuar assim. Precisamos fazer renascer essa educação do Estado do Rio Grande do Sul.

Por isso que esses 95 anos têm que simbolizar um marco de renascimento da educação do Estado do Rio Grande do Sul e da própria vida do Júlio de Castilhos, porque ele foi atingido de todas as formas, assim como o foi a escola pública neste Estado. Ele precisa ter esse renascimento. Precisa fazer com que se possa manter ainda esse espírito maravilhoso que os professores do "Julinho" e das escolas públicas têm hoje de querer ainda - apesar de terem quase tudo contra si - fazer educação, viver seus ideais, resguardar sua dignidade, valor fundamental para o desenvolvimento do seu trabalho. Acho que o professor tem essa capacidade, porque os professores, na verdade, colocam um partido acima de todos os outros, que é o da educação. Sempre tenho defendido isso. Acho que a educação está acima de tudo, acima de todas as correntes, porque a educação deve ser a corrente maior. Neste momento, sinto que os professores de todos os grupos estão filiados às mais diversas ideologias e interessados em fazer com que a educação avance.

A educação do Rio Grande do Sul precisa ser trabalhada, as escolas públicas restauradas para encontrar o seu caminho. Não podemos ficar esperando que isso ocorra. Temos que fazer agora o que já deveria ter sido feito. Vamos aproveitar esse campo propício e vamos fazer essa educação acontecer, fazer com que esses alunos possam pensar em ter um futuro e não viver um presente tão amargo, fazer com que esses estudantes, liderados pelo seu Grêmio Estudantil, possam constituir um futuro positivo na sua comunidade escolar para que eles amanhã tenham orgulho, como tiveram esses ilustres ex-julianos que hoje ocupam cargos tão importantes no cenário cultural, político e social deste País, e que eles possam também atingir esses postos. E, para isso, é fundamental que todos se unam nesse processo. É necessário o engajamento do CPM, do Grêmio Estudantil, do Centro de Professores, do Conselho Escolar, da Direção de Escola, de todos, sem exclusão de ninguém, fazendo uma parceria para que a educação de fato aconteça, porque onde se começa a excluir "a", "b" ou "c", aí nada mais funciona. Nós temos que unir forças, fazer isso em todas as escolas, e o "Julinho", como escola-padrão que sempre foi e que quer voltar a ser, e que quer ser padrão no sentido de ser um modelo positivo de educação, tem que dar esse exemplo positivo. E é isso que pude sentir quando fui à escola e vi que os professores estavam envolvidos com esse processo, com a sua Direção querendo fazer com que essa escola voltasse a ser um marco não só pelas suas mobilizações, mas de fazer acontecer a educação dentro da escola. Isso é importante.

Ontem estava visitando a Escola Cidade Jardim e estava vendo um exemplo de administração conjugada à comunidade. A escola tem condições de receber os seus professores, os seus alunos; tem estrutura, tem tudo, porque tem toda uma comunidade mobilizada. Vai à luta, faz os questionamentos, enfrenta os dirigentes, os governantes, mas trata de preservar a sua relação interna. Isso o "Julinho" tem procurado fazer também. Quer dizer: o "Julinho" tem que dar uma educação de qualidade, e o professor, mesmo amargurado, mesmo não se sentindo prestigiado como deveria ser, não tendo aquilo que deveria, como o respeito desta sociedade, ele quer fazer acontecer. Nós temos que mudar uma mentalidade que se impôs neste País, neste Estado, e eu tenho que refletir em cima do professor. Eu digo sempre: a comunidade foi jogada de tal maneira contra o professor, que hoje o professor é agredido pela sociedade, e ele não pode merecer isso dos pais, nem da sociedade. Então, nós temos que construir uma relação diferente. Essa própria campanha que foi lançada pela Secretaria de Educação com a Federação do Círculo de Pais e Mestres para que as famílias voltem para a escola é fundamental. Os pais devem ir à escola, e não dizer que, por ser o "Julinho" uma escola de II grau, os pais não têm interesse em participar. Não, qualquer filho, qualquer aluno, ele gosta de ver os seus pais envolvidos com a sua escola. Todos gostam de saber que alguém se preocupa com eles, e os filhos, em qualquer idade - não sou eu quem afirma isso, são os trabalhos científicos -, querem os pais junto com eles.

Então, mais do que nunca, o "Julinho" tem que fazer essa construção de revitalizar a sua educação. É claro que vamos continuar cobrando dos governantes, vamos cobrar da Profa. Iara, da Profa. Tânia, do Governador Britto, vamos cobrar de todo o mundo. Não abrimos mão disso, pois isso faz parte da nossa natureza, de buscar o melhor. Vamos cobrar esforços conjugados da Secretaria de Educação do Município, da Secretaria de Educação do Estado, do Governo Federal; todos terão que assumir a educação do Rio Grande do Sul para que ela se restaure de fato, mas, para isso, precisamos aproveitar momentos como este, em que comemoramos esses 95 anos, para dizer que nós todos queremos isso, todos os que amam a educação, que amam o "Julinho", que vivem o dia-a-dia da educação no Estado do Rio Grande do Sul.

Esse foi o sentido de propormos esta homenagem ao "Julinho", e é com esse carinho que queremos que ele cresça e que todos vocês possam vivenciar dias melhores no "Julinho". Que a Direção da escola, unida com todos os seus professores, com seus funcionários, com seus pais e com seus alunos, possa fazer com que o "Julinho" volte a ser chamado de escola-padrão do Estado do Rio Grande do Sul, padrão em todos os sentidos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença, na Mesa, do Prof. Décio Caneppéli, Presidente do Conselho dos Professores do Colégio Júlio de Castilhos; do Sr. Cícero Balestro, Presidente do Conselho Escolar do Colégio Júlio de Castilhos; e do  Sr. Sílvio Arce, Diretor do Departamento de Imprensa do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos.

O Ver. João Dib está com a palavra em nome da Bancada do PPR.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na semana passada me perguntaram qual a primeira imagem que me ficou profundamente fixada quando cheguei em Porto Alegre, e, antes de receber este livro, pensava que era a Praça da Alfândega numa noite do mês de dezembro de 1945, com gases de néon, com uma brisa suave, aquela movimentação toda de uma praça onde havia ainda "footing". Mas, quando olhei o velho "Julinho", na verdade, o que ficou marcado no meu inconsciente foi ele mesmo, porque cada dia que passo por lá ainda sinto alguma coisa dentro de mim, o que a Praça da Alfândega não consegue mais reproduzir. Ficou-me marcado, na realidade, o prédio do "Julinho", hoje Faculdade de Economia. Noventa e cinco anos: não sei se é muito ou pouco tempo, mas são 34.700 dias. Na vida de uma pessoa é muito tempo; na vida de uma entidade é quando ela começa a ser forte. Então, é mais jovem, torna-se pujante e vai crescendo mais e mais. Desses 34.700 dias, 18.250 me sinto vinculado ao Colégio Júlio de Castilhos.

São 95 anos que estamos comemorando e não vejo noventa e cinco pessoas saudando esta data extraordinária para essa entidade que é uma glória para o Rio Grande do Sul, que formou muitas personalidades, que marcou a vida de muita gente, de uma ou de outra forma. Sempre a verdade esteve presente lá no "Julinho", por isso vou fazer uma retificação a este livro que recebi hoje, Sra. Diretora. Dois dos que aqui escrevem cometeram um erro: o Golpe de 1964 aconteceu no dia 31 de março e não no dia 1º de abril. Quando se fala a verdade, a verdade tem que ser escrita pela escola que me ensinou a falar a verdade, pois foi no dia 31 de março de 1964 e não 1º de abril. Mas eu diria que o tempo é difícil de ser medido; é o tempo oficial que seriam os 95 anos. O tempo memorial, este, sim, não tem medida, este está dentro da nossa mente, dentro do nosso coração, está dentro daqueles momentos maravilhosos que nós vivemos.

O Ver. Jocelin dizia, desta tribuna, que os alunos do Júlio de Castilhos saíam para namorar no Inácio Montanha. Eu não namorei no Inácio Montanha. Namorei no Júlio de Castilhos mesmo e casei com a moça que foi mãe dos meus três filhos e todos os três estudaram no Júlio de Castilhos. Então, aquele Colégio, na minha memória, tem muito mais do que os cinqüenta anos que a ele estou ligado e do que os 95 anos que ele tem de vida.

Eu seria capaz de lembrar. À medida que eu folheava páginas deste livro, eu vi professores extraordinários, como o Abílio Azambuja, tantas vezes citado, Prof. Eugênio Brito; eu vi a beleza da Profa. Margô Levy, de inglês, mas também lembrei da Profa. Umbelina, que me deu aula de inglês, a Profa. Marieta Mena Barreto Costa, que me ensinou português, como também a Profa. Lilian Culessa, e eu seria capaz de citar professores como Natal Paiva, que foi Diretor do Colégio, como o nosso professor de história René Perlout, como o nosso Aldo Obino, professor de filosofia, que me ensinou que a vida é o ato pelo qual o homem nasce, cresce, reproduz-se e morre. Eu não sei se a vida é só isso. Acho que a vida tem mais do que isso. Depois eu aprendi que tinha mais do que isso, mas a definição me pareceu tão bonita, que me pareceu como certa. Hoje eu tenho as minhas dúvidas a respeito, porque depois eu ouvi dizer que tem que escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Então, ficou faltando alguma coisa, pois eu não escrevi o livro ainda. Acho que tenho muito tempo para viver; não cheguei lá.

Aquele Colégio, realmente, ensinou-me coisas maravilhosas que me marcaram profundamente, e uma das coisas que eu vi, de uma forma clara e tranqüila, foi a luta pela presidência do Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos; e Olmerindo Rui Caporal, que fazia a "Hora do Estudante" na Rádio Farroupilha, foi o presidente, na minha época, do Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos. Mas como era bonito fazer aquela campanha eleitoral, discutindo, a partir da sala de aula, o representante da sala! Ganhei na minha sala, que tinha quarenta e cinco alunos, por 43 a 1. Foi o meu; eu votei contra mim porque achava, naquele tempo, que ninguém deve votar em si mesmo. Hoje, estou plenamente convicto que eu devo votar em mim se eu acredito em mim. Naquele dia, eu teria ganhado por 44 a zero, porque um colega faltou.

Foi maravilhoso! Ensinaram-me a ter respeito por meus semelhantes, a considerar os meus professores, a saber que os professores estavam ali para ensinar, até com sacrifício. Que carinho destinavam aos alunos, alguns mais do que outros! O Prof. Ataulpa Cibilis, que chamava todos os alunos homens de Joãozinho ou de João, mas que tinha um carinho especial por suas alunas! V. Exa., Ver. Jocelin, não deveria ter saído do "Julinho"; havia moças belíssimas, como hoje. Não era preciso ir para o Inácio Montanha, que era e é uma boa escola. Essas coisas ficam na nossa memória. Por isso, trinta, cinqüenta minutos ou anos seriam insuficientes para se dizer tudo aquilo que sentimos.

O Prof. Carrion dava aula de geografia. Um dia, um aluno bocejava durante sua aula. Ele disse: "Meu filho, estás com sono; vai lá fora e toma um cafezinho." O aluno disse: "Professor, eu não tenho dinheiro." O professor puxou uma moeda de 2 mil réis, deu ao aluno, dizendo: "Vai lá e toma." O cafezinho custava 200 réis. O aluno convidou mais nove colegas para que fossem tomar cafezinho com ele. Saíram os dez. Dali a pouco, ele voltou muito triste. O professor perguntou: "O que houve?" "Professor, o senhor me deu uma moeda falsa." Todos os que têm mais idade sabem da moeda que se chamava Santa Maria: era de 2 mil réis, falsos. O aluno teve que pagar, com o seu dinheiro, os dez cafezinhos e devolveu a moeda ao professor.

Houve, também, o episódio em que ele disse a um aluno que, para burro, só lhe faltavam as aspas, ao que o aluno rapidamente disse: "Professor, burro não tem aspas." "Então, não lhe falta nada!"

A única vez em que vi o Porf. Carrion atrapalhado foi quando ele disse que um determinado objeto tinha a forma de um vaso. A minha colega Clara Gontow lhe disse: "Professor, qual é a forma? Vaso, há de tantas formas!" O professor deu uma risada e, até hoje, ele deve estar tentando explicar qual era a forma do vaso.

É isso aí! O tempo memorial tem coisas maravilhosas, mas volto a dizer: lá aprendi a verdade, a seriedade, aprendi a responsabilidade e carinho pelos professores. Porque na sala dos professores passávamos permanentemente. Enquanto entrávamos e saíamos para ir ao Bar Minas Gerais, que ficava na frente - tem um dos relatos do Prof. Joaquim Elias Mello -, passávamos pelos professores, e eles eram criaturas humanas iguais a nós. Nos atendiam com toda a solicitude, nos informavam, nos orientavam, nos alegravam, nos entristeciam com as notas que não eram tão boas às vezes, mas sempre fazendo de si o melhor para que aqueles jovens que ali estavam tornassem realidade aquela esperança que sempre se deposita no estudante.

Então, a vocês, estudantes, estudem muito, porque, estudando muito, vocês podem ser úteis a este País. Aprendam todas as coisas, até as que parecem não ser tão importantes naquele momento. Num determinado dia a gente vai lembrar que pensamos que naquele dia isto não era importante, e hoje sabemos que é muito importante. Toda a atenção aos professores, para tudo que eles ensinam, e procurem aprender mais, porque nunca há de ser perdido aquilo que for aprendido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja recebeu dois fax dos Senhores Airton Santos e Roberto Seide.

A Vera. Maria do Rosário está com a palavra pela Bancada do PC do B.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Exmo. Sr. Presidente. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, pais, professores, estudantes, funcionários e comunidade escolar do Colégio Júlio de Castilhos, este é um momento bastante especial para a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O Ver. Jocelin Azambuja, ao encaminhar esse Requerimento ao Plenário da Casa, que o aprovou, interpreta o sentimento da Cidade de  Porto Alegre de abraçar o "Julinho" nesses seus 95 anos. Abraçá-lo porque ele é parte da história da nossa Cidade, é parte da luta desta Cidade por vida digna, por democracia, por condições a que todo cidadão possa sentir-se bem nesta Cidade em que vivemos e neste País em que vivemos.

Uma escola é, na verdade, um lugar especial. É desnecessário dizer aos estudantes do "Julinho", aos professores e aos pais o quanto é especial uma escola, porque uma escola é um lugar de encontros, um lugar de amizades, de conhecimento, de curiosidade, um lugar de construção, um lugar de amores, para muitos os primeiros amores. Uma escola é esse lugar mágico e múltiplo, em que muitas coisas acontecem. Ao lado da formação de conhecimento está a formação humana, que acontece na sala de aula, na nossa relação com os professores e que acontece nos corredores, no bar, na frente da escola, nas passeatas e nas manifestações.

Abraçar o "Julinho" neste dia é admitir que nessa escola, pela sua história, nós observamos a cidadania se construindo. Lembrar as figuras ilustres que passaram pelos bancos escolares, por aqueles espaços, e falar dos ilustres estudantes dos dias de hoje é admitir, de fato, que a construção da cidadania passa por essa relação que é radicalmente democrática. Nós vivemos num momento em que muitas coisas precisam ser reconstruídas. É preciso reconstruir o processo de eleição dos diretores; é preciso reconstruir as relações mais profundas de igualdade, de reconhecimento pelos diferentes papéis que acontecem dentro da escola, mas de respeito por eles também. Ao mesmo tempo em que é preciso reconstruir no Estado do Rio Grande do Sul esta caminhada, é preciso resistir. Nós estamos aqui falando ao mesmo tempo em que centenas de estudantes se reuniram no dia de hoje nas ruas de Porto Alegre e foram ao Plaza São Rafael, no chamado Fórum da Liberdade, levar as suas reivindicações ao Ministro da Educação. E digo que é preciso resistir porque a educação, em nenhum governo, pode ser tratada a partir de medidas provisórias. O Governo Federal, neste momento, estabeleceu uma medida provisória que limita, nas universidades, a possibilidade de os estudantes escolherem os reitores e que constitui uma espécie de teste final após os cursos, como avaliação dos estudantes e das instituições. O processo não importa, o que é exatamente não importa; o que importa é que esse método autoritário de tratar a educação e as suas coisas e a sua vida, que é processo e que é múltiplo, esse não pode ser aceito.

De manhã até as 13h estive nessa passeata; no final desta tarde, participo desta Sessão. Muito do "Julinho" e da sua história estavam naquela passeata, não somente pelos seus estudantes presentes, mas porque o "Julinho", sem dúvida nenhuma, vem construindo esse direito, essa possibilidade de comunicação dos estudantes, da comunidade escolar com a sociedade de uma forma ímpar em Porto Alegre.

Eu não estudei no "Julinho". Eu sou aluna, acho que para sempre, do Instituto de Educação, mas a verdade é que a nossa ação no Grêmio Estudantil - CAE - sempre foi uma ação conjunta com os estudantes do "Julinho". A Madalena Freire nos fala - e ela é uma pedagoga que eu respeito, a quero muito bem - que estudar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão, paixão de vida, de mudança, pulsão de mudança. Quero abraçar cada juliano, cada estudante, cada funcionário de hoje, pensando naqueles que também estudaram ali e que não estão entre nós, mas que nos acompanham. E lembrar, portanto, nesta homenagem ao "Julinho", que hoje é 28 de março e que hoje, há tanto tempo, na década de 60, era assassinado o Édson Luiz, secundarista, como vocês, do "Julinho". Quero lembrar o Luiz Eurico Terreira Lisboa e dizer que essa história de paixão, de aprendizagem, de construção, de doação de vida que mais do que uma geração fez para a gente, temos a obrigação de reafirmá-la todos os dias, exigindo, buscando, construindo uma escola que seja democrática mesmo, onde a comunidade seja respeitada e onde se produza o que se espera de uma escola: cidadãos livres. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Ver. João Motta está com a palavra pelas Bancadas do PT, PPS e PSDB.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O escritor Ítalo Calvino em uma de suas obras recentes, lidas talvez por muitos de nós, nos lembra, em um de seus livros, chamado “Cidades Invisíveis”, com sua sensibilidade ele nos lembra que as cidades são compostas, muitas vezes, por espaços, manifestações não vistas ou invisíveis a um olhar menos atento. Somente talvez um olhar de um poeta, de um escritor ou de algum ser humano sensível, talvez até caminhando despretensiosamente pela Cidade ou por uma cidade, possa perceber a existência, dentro da cidade, da cidade invisível. Mas se a sensibilidade do escritor nos alerta para isso, talvez essa homenagem ao Colégio Júlio de Castilhos pelos seus 95 anos também nos faça refletir sobre aquilo que nos parece visível, sólido. E, se há alguma coisa que nós não podemos questionar ao fazer viver esses momentos breves na homenagem ao Colégio "Julinho" e a todos vocês que compõem essa história, é, sem dúvida nenhuma, a existência desse Colégio na história e na memória da Cidade de Porto Alegre. Talvez não precisássemos nos inspirar ou relembrar a lição do Ítalo Calvino por tão evidente ser a importância, sob o ponto de vista da educação e da cultura para a Cidade de Porto Alegre, do Colégio Júlio de Castilhos. Mas já que a Câmara Municipal de Porto Alegre, através da iniciativa do Ver. Jocelin Azambuja, abriu esse espaço, que tenhamos a coragem e a consciência tranqüila dessa tomada de posição de reafirmar mais uma vez que, sem dúvida nenhuma, nós podemos escrever várias histórias, e hoje está sendo lançada mais uma síntese específica sobre o "Julinho". Mas as histórias que foram escritas e que serão, ainda, sobre a Cidade de Porto Alegre terão certamente, em algumas páginas, um registro sobre a existência do Colégio Júlio de Castilhos por todas essas razões que os oradores que me antecederam certamente lembraram.

Portanto, me parece que esse é o primeiro aspecto que nós devemos relembrar e reafirmar nessa homenagem. E nós, do Partido dos Trabalhadores, os companheiros do PSDB, do PPS, fizemos isso porque muitos de nós também tiveram o prazer de compor e de construir com todos vocês essa história que orgulha a Cidade de Porto Alegre: a história do Colégio Júlio de Castilhos. E uma outra lembrança que nos parece digna de ser relembrada é que nós estamos atravessando de fato, no Brasil, uma transição política difícil, cheia de contradições e dúvidas. Gostaríamos de saber, sobre o processo de globalização na economia, de que se fala tanto hoje, o seguinte: para que veio e para que rumo vai dirigir-se? Mas nós temos a certeza de que esses rumos e essas certezas somente poderão ser construídos a partir da existência de uma sociedade cada vez mais participante, cada vez mais atuante, uma sociedade cada vez mais cidadã. E essa é a segunda lembrança que nós gostaríamos de fazer nesta justa homenagem, homenagem esta necessária e obrigatória que a Câmara deveria fazer: exatamente, relembrar que, se algum livro ainda não disse, uma nova história certamente contará que a cidadania, a consciência cívica da Cidade de Porto Alegre também encontrou um espaço no Colégio Júlio de Castilhos, um espaço muito fecundo para que se construíssem essas novas páginas, novas alternativas que hoje estão sendo discutidas em nível de toda a sociedade brasileira. Sem dúvida nenhuma, temos que reconhecer que, na discussão da formação e da consolidação da democracia e da cidadania do Brasil, o Colégio Júlio de Castilhos também vai estar presente, sempre esteve e assim sempre o fará.

Portanto, esse foi nosso breve registro, em nome do PT, do PSDB e do PPS,  como reconhecimento ao "Julinho", como solidariedade a vocês. Mais uma vez, o nosso patriotismo em dizer que o Colégio Estadual Júlio de Castilhos está incorporado na História de Porto Alegre, definitivamente, e para sempre! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Reginaldo Pujol em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Hoje pela manhã, alertado pela minha assessoria sobre a realização dessa Sessão Solene em homenagem ao 95º aniversário do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, diligenciei a organização dos meus compromissos na Casa do Povo de Porto Alegre. Simultaneamente, eu deveria comparecer a três atos. A Comissão de Constituição e Justiça, da qual faço parte, já havia previamente agendado um compromisso com a presença na Casa de um convidado para dissertar sobre tema da maior relevância da Cidade de Porto Alegre. O segundo compromisso era com a Comissão Especial, da qual sou o Vice-Presidente, que me determinou que às 16h eu deveria estar no Salão Glênio Peres.

É evidente que às 9h30min eu estivesse preocupado em organizar esses horários. Junto com a organização dos horários, busquei, também, organizar as idéias e pedi à minha assessora que diligenciasse um contato com o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, aonde eu pretendia buscar alguns esclarecimentos acerca de alguns ex-julianos que a minha memória, aos 55 anos de idade, já não me possibilita consultar com a mesma facilidade com que eu consultaria nos tempos em que, subindo a ladeira da Rua Caldas Júnior, fui, junto com o Miguel Ângelo Onoroso Proença, conhecer o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, no prédio onde hoje funciona a Junta Comercial do Rio Grande do Sul e o Arquivo Público do Estado. Qual foi a minha surpresa! Do outro lado, atendeu a Profa. Lia Caminha, minha contemporânea na Pontifícia Universidade Católica e que contribuiu com algumas informações que me foram muito úteis na elaboração e, especialmente, na ordenação das idéias que me trazem à tribuna, nesta hora, para homenagear o Colégio Júlio de Castilhos.

Não esperava que, em cima da minha mesa, no início dos trabalhos, eu fosse encontrar essa obra tão significativa sobre a memória do "Julinho", que haveria de, com a maior facilidade, refrescar a minha memória, independente de qualquer informação que eu pudesse coletar, lembrando-me, por exemplo, da figura do Miguel Proença. Como já disse, através dele e com ele conheci o "Julinho", dado que ambos viemos de Quaraí - essa viagem está narrada no livro -, ele para o Colégio Júlio de Castilhos, e eu para o Colégio Estadual Dom João Becker; ele para o colégio-padrão do Rio Grande do Sul, assim chamado, e eu, bem mais modesto, para o colégio-padrão da Zona Norte, como, orgulhosamente, nós o chamávamos para não sermos chamados de filial do Colégio Júlio de Castilhos. O Colégio Dom João Becker era especialmente noturno e para lá afluía a maioria dos professores que, durante o dia, transmitiam seus ensinamentos no Colégio Júlio de Castilhos na busca da famosa complementação salarial - nessa época já existia a luta do magistério. Isso permitiu que diversos professores fossem simultaneamente professores do Dom João Becker e do "Julinho".

Revendo essa lista de julianos históricos e importantes, vemos nomes como Leo Kopstein, Antonio Hohlfeldt e Isaac Ainhorn - os dois últimos nossos colegas Vereadores -, do Felizardo, José Goldenberg, do Dep. Germano Bonow, do Governador Antônio Britto, entre outros. Vejo que o Senador José Fogaça de Medeiros, meu colega de bancos acadêmicos, tinha razão, há alguns anos, quando, emocionado, saudava o Colégio Júlio de Castilhos, dizendo que o "Julinho" era o laboratório das idéias sociais do seu tempo. Na ocasião, o "Julinho" já não se encontrava na Rua Riachuelo; encontrava-se no local de sua sede atual.

O Isaac Ainhorn, nesse livro, lembra de uma plêiade que atuava no movimento estudantil organizado na década de 60, no qual ele se integrava e cujo grupo ajudou-me a intensificar minha militância na política estudantil com relação aos citados, em oposição, eu sempre exercitando isto que o Fogaça definiu: a elaboração de um processamento das idéias sociais, que faziam, naquele momento, as diferenças filosóficas, doutrinárias e conceituais que tomavam conta da juventude brasileira. O Júlio de Castilhos era um fórum de discussão para a sua elaboração e, acima de tudo, para o seu aprofundamento. Por isso, cara Diretora, tenho o maior orgulho em poder participar desta Sessão Solene em homenagem aos 95 anos do "Julinho", porque as escolas, ao longo do tempo, firmam-se, conceitualmente, em função da qualidade de seus mestres e dos resultados do seu produto.

Falar da qualidade dos mestres que ao longo desses 95 anos formaram uma tradição no Colégio Júlio de Castilhos seria labutar e trabalhar no óbvio, porque é reconhecido nacionalmente o quanto de significativo representam para o ensino do Rio Grande do Sul e especialmente para o ensino público as equipes de professores que, ao longo do tempo, sucederam-se no Júlio de Castilhos.

Dos resultados e dos frutos do "Julinho" falam os seus ex-alunos, um deles hoje no Governo do Estado do Rio Grande do Sul - o Governador Antônio Britto -, alguns deles representando o povo nesta Casa, e refiro-me aos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Isaac Ainhorn, mas todos eles aproveitando, e muito bem, os conhecimentos que adquiriram no Colégio Júlio de Castilhos e que os levaram a, submetidos à prova seletiva do vestibular, prosseguirem e serem hoje médicos, advogados, engenheiros, professores, jornalistas e profissionais competentes que, em todos os ramos de atividades, mantêm sempre permanente a comprovação de que os frutos dessa maravilhosa tradição que o Júlio de Castilhos plasmou ao longo do tempo ainda continuam germinando.

Por isso, com a maior satisfação, falando em nome do Partido da Frente Liberal, que aqui, no Rio Grande do Sul, tem no seu mais exemplar representante o Deputado Germano Bonow Filho, ex-aluno do Colégio Júlio de Castilho, e falando em nome desse partido, quero estender o meu abraço de homenagem, de respeito, de solidariedade e sobretudo de emoção para com o Júlio e os 95 anos. Ao "Julinho", à sua gente, aos seus professores e aos seus alunos envio meus cumprimentos e a certeza de que, queira Deus, daqui a cinco anos possamos estar juntos aqui, acendendo as velinhas para o centenário do grande Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra à Sra. Diretora, este Vereador, que preside os trabalhos, gostaria de registrar que também é ex-juliano, 1973, 1974 e 1975.

Concedemos a palavra à Sra. Diretora Leda Oliveira Gloeden.

 

A SRA. LEDA GLOEDEN: Exmo. Sr. 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Mário Fraga, e demais autoridades já citadas, Senhoras, Senhores, alunos. É com imenso prazer que estou hoje representando o Colégio Júlio de Castilhos na condição de Diretora desta escola, nesta singela, maravilhosa homenagem que nos faz a Câmara Municipal de Porto Alegre para esta escola nos seus 95 anos. Estes 95 anos representam não só uma escola pública, mas uma escola que foi o marco referencial, em todos os tempos, de uma educação para a cidadania: "Julinho", carinhosamente, que a gente sabe que, na época em que foi citado este diminutivo, foi até com o pensamento um pouco pejorativo, de uma torcida num jogo de futebol que dizia: "Julinho a fim de diminuir". E os nossos julianos gostaram tanto deste carinho - "Julinho" -, que agora nós só entendemos assim, como "Julinho". "Julinho" de amor, "Julinho" de muito carinho de todos os julianos. "Julinho" de luta, de emoção, de garra; "Julinho" das passeatas, "Julinho" de todas estas manifestações que foram feitas nestes 95 anos e destas manifestações que agora eu presencio, antes como professora, agora como Diretora; também, antes, como Presidente do Centro de Professores, depois como Presidente do Conselho Escolar.

Então, sempre nesta luta, junto com os alunos, junto com os pais, junto com os professores, junto com estas entidades tão fortes que há dentro da escola, que me orgulham muito - o Centro de Professores, o Grêmio Estudantil, CPM e hoje Conselho Escolar na sua segunda gestão, o Conselho Escolar atuante, pensando a educação, a qualidade do ensino... Esse Conselho Escolar, que muito me orgulha, hoje presidido por um aluno, acredito que não tenha outro. Isso demonstra o quanto confiamos no aluno, o quanto nós acreditamos no seu progresso, na sua condição de cidadão, na condição de sua parte educativa. Estamos aqui com o nosso Presidente do Conselho Escolar, que muito nos orgulha, e representante do Grêmio Estudantil, o representante do Centro de Professores e o nosso coral maravilhoso numa integração entre a terceira idade e nossos alunos; temos ex-julianos. Isso é uma coisa que nos orgulha muito, além de todas as outras entidades que temos dentro da escola, departamentos.

Esse Júlio de Castilhos, que hoje eu represento como Diretora, foi, principalmente durante esses quatro anos, que é uma coisa mais recente, considerado o filho rebelde do Governo. Ele não merece nada, não tem nada, não ganha dinheiro, não ganha professores, não ganha nada. Assim foi considerado o Júlio de Castilhos. Mas a comunidade juliana mostrou que quem sabe o que é bom para a comunidade juliana é ela. Assim, nós lutamos; assim, durante todos esses quatro anos anteriores, nós mostramos que temos força, que nós temos fibra, e nós tirávamos, não sabíamos nem de onde, porque os nossos professores naquela luta contra esse salário indigno que recebemos há tanto tempo, que hoje esperamos que mude, porque para os nossos professores, como já foi dito aqui, antes de tudo, o partido deles é a educação. Na hora que ele entra na escola, o amor dele é tão grande, que ele esquece muitas coisas e pensa no nosso aluno, naquele aluno que tem que sair com uma mensagem importante, naquele aluno, como muitas personalidades dizem: o aluno que passa pelo "Julinho" sempre leva com ele uma semente de liberdade, de luta pela democracia, uma semente de muito amor como juliano; ele jamais deixa de ser juliano, assim como os professores. Isso é uma coisa que nos enternece.

Então, quando vemos esta homenagem maravilhosa feita pela Câmara Municipal de Porto Alegre através do Ver. Jocelin Azambuja, que muito nos ajudou nas lutas da ACPM, tanto que, quando o ouvi falando, parecia um professor, porque ele consegue passar toda a emoção, toda nossa luta e as nossas tristezas e alegrias, quando a gente vê esta homenagem por toda essa luta do "Julinho" isso aí é um agradecimento simples de uma diretora que está agora unida à Diretoria e junto com os professores, hoje trazendo os pais para a nossa escola - coisa que havia sido afastada. Agora os pais participam das reuniões, estão interessados em nos ajudar, e esta Diretoria pensando em uma mudança, em uma proposta diferente, a proposta de uma participação real, porque até hoje se fala muito na participação, até na parceira que este Governo está usando, só que, na realidade, os pais quase nunca participaram das escolas públicas. Agora não; estamos efetivamente querendo que os pais participem; queremos que a comunidade participe pensando, não só contribuindo, como antes faziam, mas pensando pedagogicamente, administrativamente, pensando e pensando. Eu acho que é assim que a gente faz educação e é assim que vamos fazer o resgate da qualidade de ensino que sempre teve o "Julinho".

Nós sabemos que, apesar de tudo, neste ano, muitos dos nossos alunos passaram no vestibular, apesar de que o governo antigo dizia que aluno de escola pública não fazia veraneio e nem fazia vestibular, mas nós provamos que aluno de escola pública faz vestibular e passa. A gente espera passar mais alunos, e é com a parceria de toda a população, do Governo, porque sem a ajuda do Governo nos mandando professores, nos mandando uma estrutura maior, que é o que nos falta... Porque vontade e garra nós temos. Nós temos a ajuda da nossa comunidade, mas não se faz nada sem dinheiro, sem professor. E, quanto a isso, sim, esperamos contar com o Governo, com os Vereadores, lutando bastante pelo "Julinho". Muitas pessoas questionam: "Por que o 'Julinho'? Por que não todas as escolas públicas?" É claro que todas as escolas públicas necessitam de apoio, mas o "Julinho" é uma vitrina. Se o "Julinho" está bem, a comunidade fica satisfeita e a Secretaria ganha muitos votos positivos.

Mais uma vez, quero agradecer à Câmara Municipal de Porto Alegre e ao Ver. Jocelin Azambuja por esta homenagem maravilhosa que emocionou a todos os julianos. Os que não estão aqui estão lá, dando aula e pensando em todos nós que recebemos esta homenagem. Muito obrigada a todos.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Profa. Tânia Maria Heinrich, representante da Secretária de Educação Iara Wortman, está com a palavra.

 

A SRA. TÂNIA HEINRICH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componente da Mesa.) Não poderia deixar de cumprimentar publicamente a Diretora, Profa. Leda - diga-se de passagem, Diretora indicada pelo Conselho Escolar neste novo momento que a educação está vivendo -, e dar a ela um grande abraço em nome da Profa. Iara Wortman, que não pôde estar presente.

Realmente, o Júlio de Castilhos representa, na Cidade de Porto Alegre, as reminiscências do passado memorial que vários Vereadores aqui fizeram, mas representa muito mais. Representa aquilo que uma escola deve representar para uma cidade: um local onde se pensa, um local onde se vive, um local onde as emoções acontecem e, antes de mais nada, um local onde realmente se faz a construção de uma sociedade que, queremos acreditar, seja melhor para o nosso País.

Serei breve, mas quero deixar registrado muito claramente aquilo que nos move. Leda, o Júlio de Castilhos foi uma referência no passado, é uma referência hoje e sempre o será para todos nós na medida em que pudermos nos abraçar; porque não são só os professores, os alunos, é toda a sociedade que precisa estar comprometida não só com o Júlio de Castilhos, mas com todas as escolas deste Estado e deste País. Se a sociedade brasileira aspira a mudanças, só as terá na medida em que as nossas escolas forem aquele laboratório onde se pensa, onde se constrói, onde se projeta. Não podemos somente olhar o passado e ver aquilo que não aconteceu. Precisamos fazer com que realmente aconteça na nossa luta, no nosso esforço. Conte conosco, Leda. Nós acreditamos no "Julinho". (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Neste momento, o Coral da Terceira Idade do Colégio Júlio de Castilhos e o Grupo Musical Julinho farão suas apresentações.

 

(São feitas as apresentações.)

 

Damos por encerrados os trabalhos, e meus parabéns à Casa por este momento belíssimo. Meus cumprimentos ao Ver. Jocelin Azambuja, que nos proporcionou este evento. E que, no ano que vem, quando o Colégio completará 96 anos de vida, possamos estar reunidos outra vez aqui, com Coral da Terceira Idade e todos os demais integrantes desta apresentação!

Agradecemos a presença do Dr. Firmino, da representante da Sra. Secretária de Educação do Estado, Iara Wortman.

Os trabalhos estão encerrados.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h58min.)

 

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